Nota de repúdio às declarações do apresentador da RBA TV Parauapebas, Alex Tavares

A Comissão de Mulheres do Sindicato de Jornalistas no Estado do Pará (SINJOR-PA) vem a público manifestar seu repúdio frente às declarações do apresentador do programa Barra Pesada, da RBA TV Parauapebas, Alex Tavares, que atribuiu às mulheres a responsabilidade pela violência que sofrem no ambiente doméstico e familiar, e debochou da gravidade da assunto.

A opinião machista de Tavares foi transmitida ao vivo, no dia 02 de agosto, durante entrevista com a secretária municipal da Mulher, Marcela Simoncelo. Ao invés de contribuir para a divulgação de informações qualificadas a respeito do combate à violência contra as mulheres e a abrangência dos serviços de atenção e suporte disponíveis, Tavares insistiu que as mulheres “provocam” a violência dos seus agressores e, por diversas vezes, interrompeu e desrespeitou a fala da entrevistada, reforçando a discriminação contra as mulheres e ignorando o impacto social da mídia na naturalização e conivência com este tipo de crime. Devido à repercussão do caso, a RBA TV Parauapebas afastou Tavares da condução do programa Barra Pesada.

Cabe compartilhar que, em 2022, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, todos os indicadores de violência contra as mulheres cresceram no Brasil. O número de agressões por violência doméstica chegou a 245.713 casos e 445.456 Medidas Protetivas de Urgência foram concedidas. 7 em cada 10 mulheres foram mortas dentros de casa, geralmente por pessoas próximas como parceiros, ex-parceiros ou familiares.

Diante desses dados alarmantes, não há justificativa plausível para insinuar que a culpa é da vítima! A principal causa dos crimes de violência contra as mulheres é a desigualdade entre os gêneros, que leva agressores a se sentirem no direito de possuir, controlar, “disciplinar” e assassinar mulheres, seja num contexto de violência doméstica, familiar e/ou sexual, justamente pela posição de subalternidade e inferioridade que é imposta pela cultura patriarcal.

Profissionais de comunicação têm a responsabilidade de alertar, conscientizar e sensibilizar a respeito da violência contra as mulheres, colaborar para a abordagem contextualizada e aprofundada sobre a violência baseada nas desigualdades de gênero e cobrar dos órgãos responsáveis a implementação de uma rede qualificada de atendimento e apoio às mulheres vítimas de violência.

A postura da RBA TV de Parauapebas foi correta, mas é imperativo que a empresa cumpra a promessa de exibir uma série de reportagens sobre a temática e apresente medidas internas efetivas para que violações de gênero não se repitam. A Comissão de Mulheres do SINJOR-PA vai acompanhar de perto os desdobramentos deste lamentável episódio e reafirma que permanecerá sempre vigilante e intransigente na defesa dos direitos humanos das mulheres.

Belém, 09 de agosto de 2023.

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