No mês em que a Lei Maria da Penha, 11.340/2006, considerada uma das três legislações mais avançadas do mundo no combate à violência de gênero, completou 18 anos, o SINJOR-PA, em parceria com os grupos de pesquisa Transverso (Estudos em Jornalismo, Interesse Público e Crítica, do PPGJOR/UFSC) e Gênero, Comunicação, Democracia e Sociedade (GCODES/UFPA), promoveu o minicurso virtual “Violência de gênero e cobertura jornalística” para profissionais da comunicação de todo o Brasil.
A atividade foi ministrada pela professora Terezinha Silva, do grupo de pesquisa Transverso (PPGJOR/UFSC), e mediada pela professora Rayza Sarmento, coordenadora do GCODES/PPGCP/UFPA, que destacaram o papel fundamental do jornalismo para aprofundar o debate público sobre a violência de gênero e o feminicídio como problemas sociais e estruturais, e para fortalecer cobranças por políticas públicas de combate e prevenção às violências que matam milhares de mulheres todos os anos.
Também indicaram sugestões para (auto)avaliar a realização de uma cobertura responsável, ética, comprometida com o combate da violência de gênero e dos feminicídios – violação máxima dos direitos humanos das mulheres, na forma de checklist, que traz como um dos itens: durante a apuração, o (a) jornalista precisa ter três cuidados fundamentais – o de ir além do enfoque policial-judiciário e de episódio isolado; não revitimizar a vítima; e evidenciar o problema da violência de gênero.
“Ressaltamos que a violência de gênero não foi tratada como problema público na maioria dos textos. Sete anos após a lei que tipifica o feminicídio, o jornalismo ainda aborda a questão de forma superficial e episódica. Com isso, deixa de contribuir para o aprofundamento do debate público, discutindo o problema social e estrutural associado a esses crimes e fortalecendo cobranças por políticas públicas de combate e prevenção às violências que matam milhares de mulheres todos os anos”, conclui Terezinha Silva no artigo ‘Vítimas de feminicídios na cobertura jornalística da rede NSC: perfis e visibilidade midiática’.
A vice-presidenta do SINJOR-PA, Simone Romero, comentou que “reflexões e debates como esses são de fundamental importância na construção pessoal e profissional, principalmente quando somos atropeladas pela realidade de mão de obra escassa nas redações e sobrecarga de trabalho que nos impedem de aprofundar o tema da violência de gênero dando a cobertura que o assunto merece, e contribuindo na formação de uma sociedade mais respeitosa e sobretudo dando o serviço que as mulheres podem buscar quando são vítimas ou ajudar aquelas que precisam”.
Apresentação do minicurso “Violência de gênero e cobertura jornalística”
Checklist para avaliar a qualidade da cobertura jornalística de feminicídios